quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Momento de tempo

Um silêncio profundo envolve o espaço e o tempo.


Parou de chover e dentro de casa está agora quente e acolhedor. Quase nada se ouve. Apenas o silêncio impera como um oceano onde tudo parece igual mas onde tudo está permanentemente em movimento.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Família e Natal

Que horas são , interrogo - me.

O tempo passa devagar quando não temos nada para fazer , quando não há horários nem obrigações a cumprir . Mas não deixa de passar , isso não! Continua a sua caminhada , silencioso , imperturbável na sua cadência , certo e determinado.

O ano está prestes a terminar. Mais uma horas e começará tudo de novo , tudo igual , tudo diferente . Para mim torna - se mais clara e precisa a sensação de estar cada vez mais próximo do fim o que , espero , venha ainda longe.

Passou depressa este Natal.

Apanhei frio , comi bem e conversei um pouco com a minha mãe sobre a família e a sua diversidade. Sobre o passado , o presente e o que poderá ser o futuro.

Não é muito de falar a minha família! São mais as coisas que não se dizem do que as ditas e isso origina por vezes mal-entendidos , confusões e algumas angústias.Sobretudo desconhecimento. Desconhecimento sobre o outro mas também sobre nós próprios relativamente a esse outro ou outros.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Zon

- Tem televisão por cabo? - pergunta - me uma preparada voz telefónica na tentativa de me vender um pacote de serviços , como agora é costume dizer - se.

- Sim , tenho , mas não estou , para já , interessado em mudar de fornecedor - respondo - lhe educadamente.

- Compreendo - diz - me com firmeza - mas ouça por uns minutos as vantagens desta proposta que lhe vou fazer agora e diga - me depois se não valerá a pena mudar!

E durante uns minutos lá fui ouvindo as supostas vantagens do serviço prosposto , debitadas numa voz compassada , determinada e profissional que quase me convenceram.

- Olhe , na verdade , parece - me competitiva a proposta mas vou continuar com o serviço que tenho - disse - lhe com ar definitivo, rematando de seguida - de qualquer modo , obrigado.

- Boa noite e obrigado pela sua atenção - respondeu - me , pondo fim assim à chamada telefónica.

Lá fora a chuva caía intensamente e dentro de mim ressoaram por breves instantes as palavras trocadas com o operador do call center .

Voltei ao computador e à pagina da Internet onde estava antes da chamada telefónica e por ali fiquei flutuando mais um pouco até que o frio da noite me empurrou até ao sofá , onde , debaixo da manta , adormeci com a televisão por companhia.

Sonhei com ela e em como poderíamos ser felizes juntos. Visualizei todos os detalhes do seu rosto vezes sem conta , principalmente a doçura do seu sorriso e como isso me deixava feliz .

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Copenhaga

Decorre por estes dias a cimeira sobre o ambiente e claro que se esperaria que alguma mudança positiva se lhe sucedesse.Talvez pouco mude na verdade mas pelo menos , por muito pouco que isso signifique , será tema de abertura dos noticiários e porventura de mais alguns debates televisivos representando dessa forma mais um audível alerta para todos aqueles que ainda pôem o tema em posição subalterna e sistemáticamente pensam que o problema não é deles mas sim de outros.



Ninguém poderá ficar de fora deste assunto porque a todos diz respeito;mais tarde ou mais cedo e , pelo que se vai sabendo , será mais cedo do que tarde.

sábado, 28 de novembro de 2009

Sem medo?

Vindo ainda agora de Coimbra , onde a pós graduação me vai mantendo ocupado , entro no silêncio da casa e é como se entrasse num outro universo .


Um tanto confuso como se tivesse saído da manga de um avião após uma viagem a um outro país venho com outras ideias e um outro espírito mas , tal como sucede depois de uma verdadeira viagem , lentamente vou sendo atingido pelo ambiente que me cicunda e vou replicando em mim a atmosfera que nele respiro e assim de novo me torno no eu que aqui sou , neste local que quase nada me diz e com o qual não me identifico. E esse eu é um ser revoltado , zangado com o que o rodeia mas , ao mesmo tempo , pouco activo , pouco efectivo , que não tem sido capaz de mudar o estado de coisas.

Muito depende da nossa força de vontade - vem uma voz que se ergue por detrás de mim , informar - muito depende do que realmente queremos para nós, repete.


Ah! mas há tanto tempo que vivo assim ,há tanto tempo que espero que seja o tempo a resolver as coisas que não sei como agir de outra forma - retorqui como se um condenado fosse, condenado a esta pena capital de viver sob uma espécie de uma força maior que esmaga e comprime.



Tens que perder o medo de perder. Lembra - te que o que hoje se perde poderá amanhã ser compensado com outra coisa melhor , mais positiva , que te faça sentir mais incluido , mais humano.

sábado, 21 de novembro de 2009

Brisa fria

Pela fresta da janela , uma brisa fria , atinge o meu corpo .

Lá fora , o cinzento no céu , acentua - se e a chuva , ainda agora uma ameaça , parece ser já uma realidade.

domingo, 8 de novembro de 2009

O que há entre nós?

O que há entre nós? - perguntou - enquanto descia a sua mão direita pelo cabelo liso , acastanhado , e me olhou com aquele olhar que eu já havia perscrutado antes. Caminhava , agitada , de um lado para o outro na sala quase vazia e que me pareceu enorme naquele instante em que parou e me interrogou daquela forma directa , diria até brutal e , inesperada , sim , muito inesperada.

Não conseguia deixar de a ver ainda deitada sobre a toalha estendida na areia branca da praia , naquele dia de Agosto , quando a revi ao fim de uns anos em que as nossas vidas se separaram , e de me lembrar muito vivamente da estranha sensação que tive nesse dia quando o meu corpo não mais obedecia às ordens do cérebro e começou a tremer incontroladamente como se tivesse sido atacado por um estranho e desconhecido vírus.

Estávamos agora um frente do outro com aquela pergunta pairando no ar e senti a atmosfera a adensar - se como se de repente um nevoeiro espesso se tivesse instalado e os meus olhos deixassem de ser capazes de ver com nitidez.


Fiquei atrapahado , confesso. Senti - me como um adolescente , tal como me sentira naquela tarde de Agosto , na praia , quando a vi de biquini e o seu corpo elegante me catalputara até fora de mim , para uma dimensão onde o meu raciocinio não era mais o comandante .

sábado, 26 de setembro de 2009

Analgésico

Porto e Sporting digladiam-se no Dragão e no frisson habitual que a telefonia propiciona vou escutando as emoções dos lances e o entusiasmo dos adeptos , relatados com energia frenética pelos locutores animados.

Amanhã o País vai a votos para escolher , por um período de quatro anos , ou talvez menos , os governantes da coisa pública . Livrámo - nos da execrável campanha mas por pouco tempo dado que se seguem as autárquicas e de novo voltam os mesmos e outros ainda a infernizar a vida daqueles que , como eu , estão descrentes da politica e dos politicos, fartos de tanta porcaria , de tão pouca seriedade e de escasso esclarecimento.

Setembro está quase no fim. Estamos no Outono.
Contudo nestes ultimos dias o calor lembrou - se de nós e trouxe - nos um Verão tardio , de temperaturas elevadas e céu azul e que hoje me conduziu até à praia de onde acabo de chegar.

Tenho vivido com uma tristeza arreliadora , perturbante até porque não a tenho conseguido comunicar .

Estou um pouco melhor agora que falei e desabafei . Como me disse , falar é como tomar um analgésico , alivia a dôr no imediato mas , avisou - me , não cura a «doença» se «doença» existir.

Bem - haja. Obrigado

sábado, 29 de agosto de 2009

Fim de férias

Estão a acabar , as férias.

Passam sempre mais rápido do que imaginamos. Quando nos começamos a ambientar , digamos assim , a um outro ritmo de vida , mais lento e prazeroso , pimba , lá vem a realidade estragar tudo e dizer - nos que há horários para cumprir e trabalho para ser feito.

Mais dois dias de «liberdade» e lá voltarei à rotina que a minha sobrevivência impõe. Não estou sózinho , resta - me essa consolação.

Não é que o meu trabalho me arrelie muito ou até me canse em demasia mas já não sinto a adrenalina e o entusiamo que um dia senti e há alturas em que me sinto farto desta "vidinha" .

Nos dias que correm é até um pouco sacrílego um desbafo deste género , tal é o desemprego que grassa mas , na verdade , há épocas em que trocaria a minha vida rotineira e certinha por uma qualquer outra com mais aventura e indefinição mesmo sabendo que poderia perder a segurança que esta me fornece.

Assim é! nunca estamos satisfeitos com o que temos...

Ana Filipa

Pouco me resta agora que o cansaço se abeira; pouco mais que a miragem do teu rosto , o som afastado da tua voz , o brilho entrevisto do teu olhar .

Vem então uma tristeza amiga para ao pé de mim , fazer - me companhia.

Não sei se realmente existes ou se és apenas filha do desejo .

És tu quem levo para dentro dos sonhos , és a escultura em mármore branco esculpida na imaginação.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Um instante do tempo

Com o corpo estirado no sofá , voltado para cima , olho o tecto branco , vazio , aguardando que lá de cima venham as respostas às interrogações que surgem ou simplesmente deixando os pensamentos vogarem soltos , sem resposta .



Fecho os olhos e afundo - me então um pouco mais dentro de mim , respirando pausada e profundamente , sentindo o ar entrando e saindo , promovendo algum ruído , tal como aprendido nos exercícios respiratórios do yoga e lentamente tomo uma consciência maior de mim e do universo a que pertenço .



Na quietude da sala de minha casa , onde mais ninguém se encontra , estabeleço por momentos , cuja duração é subjectiva , uma conexão harmoniosa comigo e com a consciência de mim próprio , do elemento vivo que sou e do conjunto maior a que pertenço.



Repito uma , duas vezes mais , e parece até que , por instantes , o tempo se imobilizou e que tudo à minha volta se encaixou correctamente , formando um todo equilibrado e com sentido.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O tempo

O tempo passa , inexorável , deixando toda a espécie de marcas e traços , desde os que se podem ver aos outros não visíveis mas igualmente tão significantes.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ao acaso

A tela em branco , a folha vazia , a angústia do começo .



Pode escrever - se sem que haja um trilho prévio , como quem se embrenha numa floresta sem a conhecer antes , pelo simples prazer de andar ou pelo gosto da aventura e descoberta .



Também com as palavras se pode descobrir algo novo ou redescobrir o temporáriamente esquecido ou o colocado à parte pela trama própria da memória.

Fecho os olhos .

sábado, 1 de agosto de 2009

Erros

Desde que me lembro de ser gente que tenho dificuldade na socialização , nas relações com os outros .

Por isso , a certa altura , fugi do convívio mais alargado e superficial e fui reduzindo o meu círculo de amigos .

Mesmo assim , com menos gente directamente envolvida na minha vida mais íntima , nunca fui muito bom a lidar com as adversidades e as contrariedades que sempre e naturalmente surgem da convivência com os outros.


Tive mas ainda tenho dificuldade em aceitar um não , talvez porque tenha sentido mais do que hoje contudo sinto igualmente dificuldade em dizer não ; sobretudo tenho dificuldade em lidar com o imprevisto , característica muito pouco facilitadora das relações , dado que estas estão cheias de imprevistos.

Nós não somos máquinas , e ainda bem , pelo que nunca funcionamos da mesma forma mesmo quando as circunstâncias se assemelham. E se , apesar de tudo , agora talvez já esteja um pouco melhor - pudera , também ! ... - nesse e porventura noutros aspectos, ainda faço muita antecipação de momentos que ainda não ocorreram , ficando estupidamente nervoso e ansioso por causa disso e , carregado por essa ansiedade , comporto - me imensas vezes de uma forma não adequada , pouco natural ou pouco autentica e em outras vezes chego mesmo a comportar - me de forma imprópria e inconveniente e ainda , talvez pior do que tudo o resto , chego umas quantas muitas vezes a assumir um comportamento pouco educado , antipático ou mesmo rude.

Ana

Choveu.


Começou molhado este Agosto obrigando - me a alterar os "planos" imaginados para o dia de hoje.


R. não respondeu à minha mensagem que na verdade se destinava à sua amiga Ana. Ana é uma mulher ainda jovem , atraente e dona de um corpo que me remete para as esculturas gregas que vi no Louvre em Fevereiro. Corpo enxuto , fibroso mas suave , delicado , que apetece tocar levemente de uma ponta a outra , sem qualquer interrupção , se assim me posso exprimir.


Está , assim me pareceu , amargurada e um pouco triste, o que se explica depois de um divórcio cujos contornos e pormenores desconheço e que pôs fim a um curto período de quatro anos de casamento.


Não me sai da cabeça desde sábado passado. Desde esse dia que volta e meia dou por mim em voluptuosos pensamentos que a envolvem.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Evocando Mónica

Tenho , por vezes , a sensibilidade de um elefante em loja de porcelanas e uma impaciência semelhante à de um tigre esfomeado não obstante dar por mim umas outras quantas vezes a contemplar a doçura de uma flor ou o encanto de um sorriso como se da primeira vez se tratasse.
Sou , como qualquer ser humano , contraditório , confuso , tenho medo e receios , dúvidas e angústias e , especialmente nesses momentos , meto os pés pelas mãos as mãos pelos pés e nunca digo ou faço a coisa certa.
E assim foi desta vez. Que diacho de importância tem o facto de ter escrito descubrir e não descobrir. Toda a gente entendeu , porra... !

Descobre-se como bem se entende e como bem apetece . O importante é descobrir ! E foi isso que você fez .

Importa fazer o caminho , os caminhos ...

Importa que continue a escrever . Importa que continue a descobrir

terça-feira, 28 de julho de 2009

Silly Season

Estamos a caminhar para o pino do Verão e esta época é normalmente muito propícia e propiciadora da asneira .
Possivelmente será o calor que , junto do cansaço acumulado de um ano de trabalho , redunda em disparate por todo o lado.Eu próprio me sinto umas quantas vezes atraído a esse abismo e quando noto , lá estou eu também a fazer figura de pateta alegre , esfuziante como uma bala perdida , convencido de ter um comportamento acima de qualquer crítica .

Cada pessoa nasce para cumprir um projecto , ouvi na rádio um destes dias . É uma ideia de um filósofo cujo nome não fixei e que faz para mim sentido. Por projecto pode entender - se tudo ou quase tudo. Ser feliz , por exemplo , é um projecto . É até por acaso um projecto que é comum a muitos de nós e é quiçá o meu principal projecto.

Não é fácil , como se sabe.

Há muitos de nós que , por capricho da sorte , têm muito em que pensar antes de poderem pensar em serem felizes pelo que , no que a mim me diz respeito , muito do projecto de ser feliz , já estava , logo à partida , cumprido.Tive assim o trabalho facilitado quando comparo com aqueles que nasceram em condições de vida muito mais constrangedoras , material e espiritualmente falando.

E o que liga a primeira parte deste post com esta segunda?

É que na tentativa de atingir os nossos objectivos fazemos muitas vezes coisas muito disparatadas.

É do calor...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Interrogação

Serei um irascível fleumático ou um fleumático irascível?

Aprecio a calma mas muito rápidamente fervo em pouca água.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Vânia

Uns olhos bordados em pele de linho , como flores em Primavera inicial , abriram - me um inesperado sorriso e atrapalharam - me as palavras . Lá fora a chuva caía , em lágrimas de um pranto imenso. Uma rajada de vento fez - se escutar e a nossa atenção saltou , por instantes , pela janela .

- Gostava de saber falar francês , disse - me .

Ao mesmo tempo , encostou - se à parede de uma forma estranha e despropositada como se me quisesse dizer alguma coisa que não entendi. Não entendo as mulheres , pensei. Não entendi porque se encostou daquela forma tão sensual à parede fria da sala.

O céu plúmbeo desceu à terra e acabou com a democracia das cores. Tudo estava cinzento: de cima abaixo.

Não compreendo as mulheres , pensei de novo e , receoso , disse - lhe que o meu francês também não era assim muito bom e que por isso, talvez fosse melhor escolher outro professor para lhe dar umas lições. Disse - o em francês , para impressionar.

Talvez fossem já umas onze horas da noite quando me lembrei disto. Bebia então um chá e ouvia musica clássica , sentado no meu sofá. Lá de fora ainda se ouvia a chuva a cair , mansinha.Depois deitei - me por um bocado.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Frio

Choveu durante a noite e agora pela manhã faz um frio inesperado para esta Primavera que começou quente , a fazer lembrar o Verão.

sábado, 4 de abril de 2009

Pela estrada fora

A grande estrada abre - se à minha frente ladeada de árvores cujos nomes nem todos conheço , talvez um carvalho já aqui deste lado e mais à frente um castanheiro , depois , no interior do campo , oliveiras que pontilham a terra seca revolvida e ainda mais oliveiras que se vão espalhando por toda a paisagem , fazendo uma silenciosa companhia. Dentro do carro a música isola - me do mundo exterior levando os meus pensamentos para lugares diversos flutuando livremente no pequeno espaço interior , batendo uns contra os outros , sem choques dramáticos.


Está um belo dia de sol límpido que atrai a boa disposição e o bem estar e talvez por isso há uns pensamentos sobre a beleza , sobre o amor e ainda sobre a paz que , embora breves , me deixam mais feliz.

De quando em vez passa um carro em sentido contrário exigindo - me mais atenção ao real mas rápidamente volto à névoa formada pelos cigarros que já não fumo.

sábado, 28 de março de 2009

Equinócio

Abre - se um buraco por onde caio e onde fico um tempo que nunca é certo.


O equinócio da Primavera exerce sobre mim uma força negativa que não consigo controlar que me deixa próximo da depressão.


O buraco é um grande vazio que não consigo encher com nada. As emoções vão para qualquer sítio longe de mim e perco a humanidade , o gosto pela convivência e o prazer de estar deixa de existir.


Quase só o sono me traz alguns momentos de tranquilidade , breves instantes que pela manhã se esboroam.

Inspiro fortemente , uma , duas vezes.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Aperto

Oh meu Deus que agonia!...

Para onde me levaram os meus descuidados passos?!...

domingo, 22 de março de 2009

Futebol

Há esta coisa do futebol que neste País parece assumir pontos de estultícia ou de demência . Talvez se deva ao facto de sermos um lugar pequeno e onde quase nada acontece - ainda bem , dirão alguns , quando se lembram de outras perdas de faculdades mentais de outros lugares relatadas amíude nas televisões.

Muitas das vezes , a maioria , o futebol , em particular o português , irrita - me. A grande maioria dos poucos jogos que vejo ou melhor , de parte deles , são tão fraquinhos , tão fraquinhos que não consigo entender de onde vem a atracção exercida por este jogo no adepto tuga.

Depois há sempre as tricas e o falatório. As tricas do jogo , no relvado e fora dele : entre os jogadores , entre os dirigentes , entre os adeptos. É quase só tricas , dúvidas , erros , as faltas e as supostas faltas . O árbitro que quase nunca arbitra mas que rouba sempre. É , há sempre um roubo , um roubo que leva à indignação e à revolta por uma boa parte da gente . Na hora , nas horas a seguir , nos dias a seguir , nos meses a seguir, meu Deus , nos anos a seguir aos jogos .
E há também o falatório , o falatório sério com direito a imenso tempo de antena , distribuido por todos os canais , por todos os os jornais e que se estende para os escritórios e para a rua , para quase todo o lado , inútil , oco , sem sentido.

Costa Nova

Encosto-me ao paredão , num pedacinho livre , ao pé de uma mulher em top less que talvez se tenha sentido incomodada com a minha presença porque vestiu a parte de cima do bikini e pouco depois mudou - se uns metros mais para cima. Eu próprio também me mudei , incomodado pela maré , ameaçadora , e fiquei agora distante do paredão.

Aproveito o dia de sol e de pouco vento que fez hoje mas na verdade não consegui esquecer a solidão que me acompanha e parece ter - se colado de forma resistente. Ensaiei ainda um pouco de leitura mas a minha cabeça não está em paz . Instalou - se um vazio preocupante que não deixa entrar quase nada. Parece que quanto mais só estou menos vontade de conviver tenho. Um ciclo perigosamente vicioso.

Vou até à esplanada junto da marina onde me sento e como uns rissóis , uma bifana e que empurro com uma imperial. Ao mesmo tempo observo uns jovens que acabaram agora mesmo uma regata de vela nas tarefas de arrumação das embarcações. Lembro -me dos tempos em que com o barco do meu pai também eu me ocupei das árduas tarefas que vêm depois dos prazeres que a água e os barcos proporcionam.

Vagueei em direcção ao mercado na expectativa de encontrar uma loja onde comprar uns chinelos. Sem grande animo entrei em três lojas mas nada vi que me agradasse e vim para aqui , para casa ,onde escrevo estas linhas.

segunda-feira, 9 de março de 2009

The Reader

"Será que não me devia ter alistado nas SS?" , pergunta Hanna ao seu inquiridor em pleno tribunal quando confrontada com os delitos cometidos por aquela força no horror dos campos de exterminio.

Teria à volta de 2o anos quando tomou essa decisão , uma escolha porventura ingénua , tomada num contexto especial , nunca imaginando as consequencias ,não sonhando no que se viria a tornar o poder nazi e o absurdo inominável em que tudo se tranformou , acabando num dezprezo indizível pela vida humana , de que Hanna foi também vitima.

Pagou com a sua própria vida pelos erros que foi obrigada a cometer numa abnegação para lá do razoável

domingo, 1 de março de 2009

Cinema

Ontem fui ver o Casamento de Rachel , um curioso filme sobre as disfuncionalidades das familias , eventualmente com alguns clichés , abusando um pouco dos movimentos da camara , talvez com palavras a mais mas que me deixa , entre outras , a mensagem que o passado não se pode modificar , que apenas e sómente o podemos mudar na forma como o vivenciamos no presente. Disse - me ainda o que de há já algum tempo a esta parte sei , que cada um de nós é uma ilha , um território psico fisico único , que tem que encontrar ou construir pontes para se relacionar com os outros.

Domingo

Domingo é sempre Domingo. Dia diferente quase sempre. O corpo acompanha o espírito na vontade de descanso e tranquilidade.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Louvre



Hoje foi dia do Louvre. Um lugar fantástico , repleto de interesse , enorme , infindável , um mar imenso de sensações que a arte proporciona. Escultura grega e pintura italiana renascentista , foram as alas vistas com um pouquinho mais de detalhe. Mona Lisa e Vénus de Milo , são os incontornáveis. Mas há tanto , tanto , que , tal como leio no guia da Lonely Planet que levo emprestado , são nove os meses necessários para ver todo o museu. Porventura falso dada a quantidade de obras de arte expostas e a impossibilidade de medir com rigor o tempo que cada uma delas leva a ser apreciada por quem a observa. Esse tempo varia em função de muitos factores: do conhecimento do que se vê à sensibilidade de cada um de nós , do cansaço com que se está à quantidade de pessoas que se encontra junto das obras.
Fiquei parado em frente de algumas das esculturas gregas , peças maioritáriamente em mármore , de acabamento e detalhe perfeitos , simplesmente porque as peças comunicam com os sentidos , arrebatam pela sua beleza, pelo seu requinte. Depois , estamos em frente de obras que atravessaram séculos de vida , séculos de Historia.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Flanando sem rigor




O cansaço hoje começou a fazer - se notar mais fortemente , principalmente nas pernas. Ao mesmo tempo , o entusiasmo efervescente dos primeiros dias a esta revisitada PARIS esvaneceu - se um pouco e misturou - se ainda o sentimento menos nobre de uma certa inveja daqueles que podem usufruir esta cidade , daqueles que aqui vivem . Em conjunto essas três sensações fizeram com que o dia de hoje não fosse tão vibrante como os dois que o precederam.

Mas Paris é Paris , uma cidade fantástica , recortada a todo o instante por locais que nos remetem para a cultura e história , para a literatura e pintura , de uma arquitectura exemplar e especial , em particular aqueles icones mundialmente conhecidos que , quando vistos pelos próprios olhos , de perto , arrebatam os sentidos e nos deixam , me deixaram , por instantes , num silencio respeitador.

Começamos o dia subindo até ao Sacré Coeur , percorrendo um pouco essa zona de Montmartre , hoje um lugar de puro turismo outrora lugar de artistas como Degas e Renoir , para citar apenas dois.

Descemos depois ao Pigalle percorrendo um boulevard onde o sexo é o tema dominante , anunciado sem pudor ou vergonha a qualquer hora , com lojas e salas de espectaculo com ele relacionadas de um lado e de outro .Parámos um pouco mais tempo em frente ao famoso e conhecido Moulin Rouge , que àquela hora da manhã já registava uma razoável fila , não sei se para reservar ou para assistir a algum espectáculo.

















Como os japoneses , tirei muitas fotografias , sempre , a toda a hora , na esperança de trazer comigo tudo aquilo de que não pude usufruir totalmente.


Sou um tanto forreta .Por natureza e agora , acentuadamente pela força das actuais circunstancias económicas. Não consigo fácilmente deixar de lado a questão do dinheiro. Por aqui a todo o instante isso me tem acompanhado. A vida é mais cara que em Portugal , já se sabe , logo , o nosso poder de compra desce e desce tanto mais quanto maior é o interesse turistico dos locais que se visitam: se se está proximo de um ponto altamente concorrido , como por exemplo a Notre Dame , o preço das coisas sobe em flecha. Falemos do café por exemplo, que pode custar um euro , euro e vinte numa ruinha normal mas que junto ao Sacré Coeur , Notre Dame ou na Ile de St Louis poderá custar de 2 , 3,50 ou mais euros. Um cafézinho ... é muito para um forreta , relativamente depauperado pela crise.

É assim o mercado. A lei da oferta e da procura no seu melhor.

O ponto seguinte será La Defense . Zona mais afastada do centro , de arquitectura moderna e arrojada , local onde grandes empresas francesas têm sedes e onde se encotra o Grande Arche , obra imponente do tempo da presidencia de Mitterrand. Impressiona pela dimensão dos edificios e das praças mas não é tão humano nem tem tanta gente como as antigas e tradicionais zonas de Paris

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Caro Mio


A japonesa pergunta - lhe se caro mio é mon cher mas ele não entende e responde - lhe apenas que mon chér its french.

Japoneses aos montes por estas bandas vão fotografando tudo como se as máquinas fotográficas fossem capazes de guardar dentro delas os instantes que se respiram .

Hoje foi um outro dia de muita caminhada tendo como primeiro lugar de visita a torre Eiffel e as suas imediações , os pequenos mercados de víveres ao longo das ruas estreitas , de bons preços e de muita diversidade.


No Campo de Marte - Champ de Mars - espaço verde entre a Escola Militar e a Torre Eiffel , para além dos muitos turistas , há pessoas que aproveitam a manhã para fazer o seu jogging , apesar do algum frio que se faz sentir e outras que andam simplesmente passeando sózinhas ou em companhia dos seus cães .


Chego ao fim do dia cansado , incapaz de elaborar um pensamento com lógica e vou neste momento ouvindo a conversa entre a japonesa e o recepcionista do hotel que vão trocando conversa mole sobre as suas vidas , sobre os seus conhecimentos de linguas e enumerando os países visitados. Ela , divorciada , talvez queira mais do que conversa , digo eu. Ele diz que está com uma dor de cabeça e com um principio de constipação talvez querendo dizer que não estará nos seus melhores dias. Hora da minha retirada , eterno medroso das doenças em geral e das constipações em particular.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Paris


Escrevo em Paris , sentado no hall do Hotel Opera Deauville onde nos instalámos hoje por volta das 14 horas locais.Estou cansado como sempre acontece depois das viagens cuja planificação nunca consigo fazer de forma a que não fique com algum stress e ansiedade.
A minha cabeça vagueia em direcções distintas em pouco tempo o que quer dizer que há alguma confusão nos meus pensamentos.
Já fomos até a Place de la Concorde , atravessámos o rio e caminhámos até ao museu D'Orsay sem que , no entanto , tivéssemos entrado , dado já estar fechado.
Achei fantástico este primeiro contacto com Paris pois foi como se tivesse recuado no tempo e passeado um pouco pela História . Qualquer lugar nos remete para qualquer acontecimento do passado e os edificios , para além da elegancia externa notória , deixam perceber pela sua imponência um significado muito para lá do visível.