segunda-feira, 4 de maio de 2009

Vânia

Uns olhos bordados em pele de linho , como flores em Primavera inicial , abriram - me um inesperado sorriso e atrapalharam - me as palavras . Lá fora a chuva caía , em lágrimas de um pranto imenso. Uma rajada de vento fez - se escutar e a nossa atenção saltou , por instantes , pela janela .

- Gostava de saber falar francês , disse - me .

Ao mesmo tempo , encostou - se à parede de uma forma estranha e despropositada como se me quisesse dizer alguma coisa que não entendi. Não entendo as mulheres , pensei. Não entendi porque se encostou daquela forma tão sensual à parede fria da sala.

O céu plúmbeo desceu à terra e acabou com a democracia das cores. Tudo estava cinzento: de cima abaixo.

Não compreendo as mulheres , pensei de novo e , receoso , disse - lhe que o meu francês também não era assim muito bom e que por isso, talvez fosse melhor escolher outro professor para lhe dar umas lições. Disse - o em francês , para impressionar.

Talvez fossem já umas onze horas da noite quando me lembrei disto. Bebia então um chá e ouvia musica clássica , sentado no meu sofá. Lá de fora ainda se ouvia a chuva a cair , mansinha.Depois deitei - me por um bocado.