sábado, 29 de agosto de 2009

Fim de férias

Estão a acabar , as férias.

Passam sempre mais rápido do que imaginamos. Quando nos começamos a ambientar , digamos assim , a um outro ritmo de vida , mais lento e prazeroso , pimba , lá vem a realidade estragar tudo e dizer - nos que há horários para cumprir e trabalho para ser feito.

Mais dois dias de «liberdade» e lá voltarei à rotina que a minha sobrevivência impõe. Não estou sózinho , resta - me essa consolação.

Não é que o meu trabalho me arrelie muito ou até me canse em demasia mas já não sinto a adrenalina e o entusiamo que um dia senti e há alturas em que me sinto farto desta "vidinha" .

Nos dias que correm é até um pouco sacrílego um desbafo deste género , tal é o desemprego que grassa mas , na verdade , há épocas em que trocaria a minha vida rotineira e certinha por uma qualquer outra com mais aventura e indefinição mesmo sabendo que poderia perder a segurança que esta me fornece.

Assim é! nunca estamos satisfeitos com o que temos...

Ana Filipa

Pouco me resta agora que o cansaço se abeira; pouco mais que a miragem do teu rosto , o som afastado da tua voz , o brilho entrevisto do teu olhar .

Vem então uma tristeza amiga para ao pé de mim , fazer - me companhia.

Não sei se realmente existes ou se és apenas filha do desejo .

És tu quem levo para dentro dos sonhos , és a escultura em mármore branco esculpida na imaginação.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Um instante do tempo

Com o corpo estirado no sofá , voltado para cima , olho o tecto branco , vazio , aguardando que lá de cima venham as respostas às interrogações que surgem ou simplesmente deixando os pensamentos vogarem soltos , sem resposta .



Fecho os olhos e afundo - me então um pouco mais dentro de mim , respirando pausada e profundamente , sentindo o ar entrando e saindo , promovendo algum ruído , tal como aprendido nos exercícios respiratórios do yoga e lentamente tomo uma consciência maior de mim e do universo a que pertenço .



Na quietude da sala de minha casa , onde mais ninguém se encontra , estabeleço por momentos , cuja duração é subjectiva , uma conexão harmoniosa comigo e com a consciência de mim próprio , do elemento vivo que sou e do conjunto maior a que pertenço.



Repito uma , duas vezes mais , e parece até que , por instantes , o tempo se imobilizou e que tudo à minha volta se encaixou correctamente , formando um todo equilibrado e com sentido.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O tempo

O tempo passa , inexorável , deixando toda a espécie de marcas e traços , desde os que se podem ver aos outros não visíveis mas igualmente tão significantes.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ao acaso

A tela em branco , a folha vazia , a angústia do começo .



Pode escrever - se sem que haja um trilho prévio , como quem se embrenha numa floresta sem a conhecer antes , pelo simples prazer de andar ou pelo gosto da aventura e descoberta .



Também com as palavras se pode descobrir algo novo ou redescobrir o temporáriamente esquecido ou o colocado à parte pela trama própria da memória.

Fecho os olhos .

sábado, 1 de agosto de 2009

Erros

Desde que me lembro de ser gente que tenho dificuldade na socialização , nas relações com os outros .

Por isso , a certa altura , fugi do convívio mais alargado e superficial e fui reduzindo o meu círculo de amigos .

Mesmo assim , com menos gente directamente envolvida na minha vida mais íntima , nunca fui muito bom a lidar com as adversidades e as contrariedades que sempre e naturalmente surgem da convivência com os outros.


Tive mas ainda tenho dificuldade em aceitar um não , talvez porque tenha sentido mais do que hoje contudo sinto igualmente dificuldade em dizer não ; sobretudo tenho dificuldade em lidar com o imprevisto , característica muito pouco facilitadora das relações , dado que estas estão cheias de imprevistos.

Nós não somos máquinas , e ainda bem , pelo que nunca funcionamos da mesma forma mesmo quando as circunstâncias se assemelham. E se , apesar de tudo , agora talvez já esteja um pouco melhor - pudera , também ! ... - nesse e porventura noutros aspectos, ainda faço muita antecipação de momentos que ainda não ocorreram , ficando estupidamente nervoso e ansioso por causa disso e , carregado por essa ansiedade , comporto - me imensas vezes de uma forma não adequada , pouco natural ou pouco autentica e em outras vezes chego mesmo a comportar - me de forma imprópria e inconveniente e ainda , talvez pior do que tudo o resto , chego umas quantas muitas vezes a assumir um comportamento pouco educado , antipático ou mesmo rude.

Ana

Choveu.


Começou molhado este Agosto obrigando - me a alterar os "planos" imaginados para o dia de hoje.


R. não respondeu à minha mensagem que na verdade se destinava à sua amiga Ana. Ana é uma mulher ainda jovem , atraente e dona de um corpo que me remete para as esculturas gregas que vi no Louvre em Fevereiro. Corpo enxuto , fibroso mas suave , delicado , que apetece tocar levemente de uma ponta a outra , sem qualquer interrupção , se assim me posso exprimir.


Está , assim me pareceu , amargurada e um pouco triste, o que se explica depois de um divórcio cujos contornos e pormenores desconheço e que pôs fim a um curto período de quatro anos de casamento.


Não me sai da cabeça desde sábado passado. Desde esse dia que volta e meia dou por mim em voluptuosos pensamentos que a envolvem.