segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Raio de vida . Benção de vida

Tento atirar para traz das costas as preocupações que me assolam e , prossigo .

Embora um pouco hesitante , agora que começo a dar os primeiros passos de uma nova etapa da minha vida . Ao principio é assim. Duvidamos hesitamos temos medo. Só o andar fará descobrir as coisas: as que esperávamos e as que não estávamos à espera . De umas e outras temos as boas e as más mas todas são precisas para a construção deste edifício que é uma vida.

Que custa , custa. Isso toda a gente sabe. Mas só quando passamos por elas é que aferimos com rigor o real custo da passagem e da transformação .

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Trajecto impossível

Caminho em direcção ao café como se caminhasse em direcção ao passado.
Trajecto impossível esse , em direcção do passado.Contudo , cheguei ao café mas o cansaço de um dia atarefado mal me deixou ver o presente.

Caras do passado que não me conhecem hoje. Apesar de ser estranha , não deixa de ser agradável esta sensação de me sentir um desconhecido entre conhecidos.

Meio whisky , meia contemplação e meia volta que se faz tarde. Até amanhã !

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Mudança

Fechado entre quatro paredes que parece quererem desabar sobre mim , tento encontrar um rumo.

Qualquer mudança acarreta sempre novidades e surpresas. Boas e más. Esta decisão de me mudar fará de mim outra pessoa. Só mais tarde , muito mais tarde , é que saberei se me transfomei numa pessoa melhor ou , ao contrário , fiquei um ser humano pior. Para já , reina a confusão. De certa forma é positivo mas há momentos em que estou próximo do caos total. Da completa desintegração.

domingo, 5 de setembro de 2010

Nancy e Marc

Não sei se alguma vez mais vos voltarei a ver mas guardarei na memória os prazerosos momentos que a todos propiciaram.

O momento

Há o momento. Se o deixares escapar, acabou. É brutal ! (aplicando um termo agora em voga em alguns circuitos) mas é assim. Sim , é BRUTAL! É de tal forma que a nossa vida se modifica em função disso.

Pois , ela sorriu e foi como se o sol me encadeasse . Fiquei sem visão e sem palavras.

Nesse instante , num lapso de tempo tão pequeno que nem o sei classificar , deixei escapar O momento.

Na minha retina ficou a memória ( eterna?! ) , do sorriso. Ficarei , para sempre, sem saber quem realmente era a sua dona...

Só a voltei a ver mais tarde , de saída.

Adeus

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cigarros e mulheres

Por vezes , procuro num cigarro a volúpia que não tenho por não ter uma mulher. Há , para mim , uma proximidade entre o prazer que se obtem ao fumar um cigarro e aquele que , num detrminado momento de uma relação com uma mulher , também se consegue atingir.

Há , nos dois casos, um prazer dos sentidos , disso não tenho dúvida e em ambos é um prazer suave e com uma duração temporal que até pode ser semelhante.

Os cigarros fazem mal à saúde, dirão. E as mulheres? , pergunto.

sábado, 28 de agosto de 2010

Inconstância

Continuo baralhado , meio perdido. Não sei que caminho tomar. Ora aqui quero estar ora quero partir.

Quase que saía para Águeda , assim sem mais nem menos , sem razão e objectivo. Á última hora , mudei de ideias e decidi continuar aqui, com a família , na casa onde me criei.

Vivo uma inquietação permanente.

Gostava de assentar . Ter um chão conhecido onde pisar...

Engano, grande engano.

Um dia convenci - me que era um ser humano especial. Sim , claro que sim , qualquer ser humano é especial , mas eu por ser reservado e tímido tomei isso à conta de uma genialidade que nunca possuí.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Confusão

Estou confuso. Bastante confuso.

Devia pegar no carro e sair. Ir ter com amigos e falar , beber uns copos e espairecer.Talvez fosse o mais aconselhado porque sinto um desconforto incomodativo , uma espécie de claustrofobia , que me oprime e baralha.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O dia da árvore

Hoje plantei uma árvore.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Volatilidade permanente

Sabemos que é nascer e morrer. Pelo meio uma infinidade , de sonhos , de paixões e amores , alegrias e tristezas , ilusões e desilusões , lutas e guerras , tragédias e mortes , paisagens e viagens , poemas e prosas , mares e oceanos , planícies e montanhas...

Tudo é imenso. Os minutos que duram horas , as horas que passam a voar e se fazem dias , dias que num instante crescem e em meses se fazem anos. Uma vida inteira.

Tudo vale a pena - como disse Pessoa.

Não se pode é perder o espírito , a voz e o timbre ; não se pode deixar fugir a razão , porque é a alma , o sopro que faz sentido e nos torna essência. Temos que nos encontrar no meio do turbilhão. Renascer a cada dia.

O dia

Perdi a conta dos dias e navego à vista.

A chuva veio hoje recordar - me que o verão irá terminar e as coisas irão , quiçá , esfriar , não obstante cada vez menos acreditar em predições.

O futuro faz - se hoje , agora , neste momento.

Tudo pode começar , acabar e recomeçar .

O dia é porventura a unidade mais importante de tempo ; é durante um dia que nos vamos construindo e desconstruindo. Nascemos e morremos como o sol se levanta e se põe em cada dia que passa.

sábado, 21 de agosto de 2010

O beijo que não dei

A tela branca . A cabeça branca , afectada , quase oca , transporta um sentimento de culpa porventura sem sentido.



Lembro - me de X. de quem os meus lábios se afastaram no ultimo segundo. Porquê?!...



Será que o compromisso não está inscrito no meu código genético?! ou foi o medo? que compromisso ou receio poderia vir de um beijo?

Família

Festa de família. Reencontro com o passado , saudávelmente no presente , acertando - se o tempo como se pode.

Breves palavras trocadas para pôr a conversa em dia tanto quanto é possível nos rápidos minutos que consigo estar com cada uma das pessoas.Estou instável , nervoso e receoso , pouco à vontade.Por isso não consigo permanecer muito tempo com a mesma conversa. Principalmente por me ter deitado ontem muito tarde e já com muito alccol ingerido mas igualmente por me sentir um pouco diminuido pela minha situação.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Jardins Oudinot

Atrás do sonho, eu fui.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Ana Filipa

Um sopro leve junto do ouvido fez com que virasse o rosto e encontrasse o dela , logo ali , tão perto do meu.
Senti o perfume do seu corpo como se fosse o primeiro. Quase fiquei sem respirar.
O coração acelerou o ritmo e , por instantes eternos , hesitei .
Emudeci , de seguida. Os olhos semicerraram - se , os lábios tocaram - se e o tempo parou.
Ouviu - se uma música , etérea . De onde viria?!...

Saudades?

Ouvia a chuva que não caía . Talvez por vontade de a escutar , talvez por saudade.

Imaginei o céu cinzento escorrendo água em catadupa , pensando na viagem e na grande planície .

Hoje nada faz pensar que vá chover mas em breve ela cairá para molhar a terra não deixando secar a esperança.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Indefinição

O tempo alterna entre o cinzento e o azul não se fixando num tom. Há um vento que agita a copa das árvores levando com ele algumas das recordações recentes.A temperatura decresceu um pouco, trazendo consigo lembranças de uma nova estação do ano.

O imprevisto

Tudo pode mudar em fracções de segundo.



Imagine que vai na estrada , conduzindo calmamente o seu carro. De repente , porque se distraiu a mudar de estação de rádio ou a acender um cigarro , perde o controlo do veículo e , resvalando pela valeta , choca contra uma árvore.O carro fica em frangalhos, você , por milagre , sai incólume. Um capricho da sorte.



Em minutos a sua vida podia ter sofrido uma reviravolta inapelável. Por um mistério da fortuna apenas ficou sem carro. Já não é pouco mas em nada se compara a ficar sem vida.



Tal como os carros , as palavras , podem produzir efeitos devastadores. E como eles são rápidas : bastam uns segundos para que se digam mas pode ser necessária uma vida inteira para que se deixem de ouvir.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Desbocado

Pela boca morre o peixe.

(Quanta filosofia encerrada numa simples frase...)

Um comentário despropositado , partilhado com C.S. , deixou - me incomodado porque revelou uma das minhas piores facetas: a de possessivo e materialista.

Caminhando em direcção ao passado

Procura em vão.


Vou em direcção ao passado pelos caminhos do presente.


Só há memórias . Imagens diáfanas suspensas no tempo . Aqui e ali um edifício atrasa - me o passo , quase que me prende e chego mesmo , em alguns casos , a parar , em busca do tempo ido.


Em vão!... Restam as memórias .

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Máscaras

Viajo incógnito.

Escondo a minha identidade atrás de máscaras ; logo que uma sai , outra aparece , como se fossem bonecas russas.

domingo, 15 de agosto de 2010

Em casa

Regresso a casa .

Agora é enfrentar a realidade com os olhos ainda molhados da água do mar.

sábado, 14 de agosto de 2010

Partidas

Tudo calmo. As pessoas vão lavando os carros , preparando -se a partida.Alguns já foram outros ainda virão para apanhar as ultimas conversas de verão.


Irei amanhã.

Retorno ao incerto.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sexta-Feira , 13

F. continua a desafiar-me . Tanto o cântaro vai à fonte...

Lembrei - me da Tinô à meia noite e treze de sexta 13 , dia dos seus anos. Alguém disse: vai ter sorte. Era bem feito , digo eu.

Hoje o tempo mudou. Primeiro uma nortada forte , o mar encarpelado. Depois umas nuvens fortemente cinzentas ameaçaram a chuva que acabou por não cair.Depois o céu estrelou e a seguir um vento de sul e alguém disse: traz chuva, Pelo menos com o vento norte há um céu azul, uma claridade do caraças, completou . Prefiro a chuva a qualquer nortada , retorquiu J, Que se lixe o céu azul...

Vesti o casaco. Não que estivesse aquela humidade desconfortável de anos anteriores que nos entra no corpo e se cola à alma mas foi por lembrança desses dias que o fiz. Todos , no entanto , se agasalharam.

Quase não senti qualquer humidade. A noite adormeceu tranquila.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

ante desespero

Não têm sido fácilmente vividos estes ultimos dias .

O calor exagerado e a falta de comunicação têm - me levado para um buraco.

Vou ter que sair daqui.

domingo, 8 de agosto de 2010

Reflexos do passado

Colhe - se o que se semeia , é um dito popular cheio de sabedoria.



Num passado já longínquo , tanto quanto pode ser o passado de um ser humano com cinquenta anos , fui vítima dos meus próprios instintos. Por não os ter controlado o que , provávelmente estaria ao meu alcance , carrego ainda hoje comigo as consequências.



Numa recente sessão de PNL , numa viagem na linha do tempo , regredi experenciando emocionalmente momentos anteriormente vividos e depois dessa experiência senti a necessidade de pedir desculpa à pessoa - minha irmã - atingida pelas minhas então irreflectidas atitudes .



Ainda não o fiz. Não o fiz porque o momento ainda não se propiciou . Ela , a minha irmã, tão pouco me parece querer dar essa oportunidade tão distantemente me trata. Depois , há acções e actos , para os quais , sinto , as desculpas de pouco servirem. Servirão , porventura , para aquietar a nossa consciência mas receio que em algumas das vezes , por virem tão tarde , as desculpas apenas sirvam para relembrar e remexer num passado que não foi muito feliz.

sábado, 7 de agosto de 2010

Porra de vida

Que porra de coisa esta.


Para aqui sózinho como se num deserto estivesse , sem água , sem vivalma por perto. Alma ressequida pela solidão.


Agosto é definitivamente um mau mês para os que vivem sós. É um mês que apela à convivência e não ao isolamento.

Calor

Abri as janelas do apartamento e um bafo quente , logo pela manhã , anuncia um dia de canícula.



A praia não está longe e talvez lá vá em procura de alguma frescura que por aqui não existe.



Penso na Ana que provávelmente se estenderá formosa nas areias quentes da praia como a miragem de um oásis da minha vida neste momento.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Quinta na quinta

O tempo hoje custou um pouco a passar. Começo a repetir os movimentos e isso não me agrada muito. Sou um indeciso , sempre fui um indeciso.

Fragmentos do passado (1)

96.04.19


Os povos matam - se entre si por força dos sentimentos pátrios que unem , quase umbilicalmente , os homens ao pedaço de terra onde nasceram e cresceram.
Impressiona! Sempre me impressionou esta tremenda força que faz com que o Território se sobreponha ao sangue e à vida e , por causa dele, o ser humano faça jorrar o sangue que lhe dá a vida pela superfície da terra , regando -a , como se de um tributo se tratasse , terrível e fatal tributo esse...


Desde miúdo que a imagem da guerra mexe profundamente comigo ! Sempre me foi difícil imaginar o dia em que por qualquer razão tivesse que ir para a guerra. Por acaso do destino ou da história este País onde vivo é hoje um País pacífico , integrado numa zona geográfica e política afastada de conflitos bélicos , apesar de ainda não há muito tempo terem soprado ventos de guerra , não tão longínquos assim , mas que felizmente foram afastados pelo bom senso e interesse de uns tantos .

No entanto , este País manteve uma guerra sem sentido , à qual escapei pela minha tenra idade de então, mas cujos reflexos eu ainda vivo , embora que de uma forma muito afastada , sem sangue ou mágoa directamente vivida.

Conflito interminável e desde sempre perdido , mantido por uma ditadura política decrépita e agonizante, onde pereceram muitos inocentes , alguns dos quais da aldeia onde cresci , e onde muitas famílias sofreram , separadas e dilaceradas , por caprichos e cegueiras de alguns imbecis , que mantiveram a cegueira e as costas voltadas à natural evolução dos povos que quiseram subjugar.

Dessa guerra e de outras que a televisão não se coíbe de nos fazer chegar ao conhecimento , veio o meu pavor pelo sangue derramado nos campos de batalha mas , simultaneamente , a profunda admiração por aqueles que , quase sempre não questionados , tiveram ( e têm ) que dar o seu corpo e a sua vida , ao serviço de interesses que os ultrapassam , quantas vezes sordidamente estabelecidos.


Estes homens ( e mulheres ) serão sempre uns heróis que venerarei , que toda a Humanidade venerará.

A guerra é uma incompreensível infâmia , uma enorme violentação do ser humano mas que ele próprio estabelece e quantas vezes fomenta , ora em nome da liberdade subjugada , ora das religiosas ou políticas convicções , ora em nome do sacrossanto Território , que normalmente tem mais força que a própria vida , ora ainda em nome do vil e incontornável poder do dinheiro.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Um dia no campo

Levanto - me sucessivamente durante a noite para beber leite e sumo comer pão com queijo e presunto ou uns bolinhos que se encontram discretamente acomodados na caixinha laranja pelo que quando chega a hora do pequeno-almoço já não me resta espaço para mais nada. Apenas há lugar a uma hora mais de sono necessária para completar aquela que se perdeu nas deambulações nocturnas. Por isso levanto - me tarde. Um banho rápido seguido de uma bica tomada com carácter de urgência na " Chaleira " , pastelaria local , põem - me pronto para um resto de manhã dedicado à jardinagem , se assim lhe posso chamar.


São duas da tarde e vamos ao almoço. Comemos na sala , porque está mais fresco , diz a experiente sabedoria da minha mãe. Ela , eu , a minha irmã e o meu cunhado . Repasto tranquilo.


Logo a seguir uma soneca para ajudar a fazer o quilo e depois uma vinda até cá em cima para a actual dependência que a internet começa a ser.

Leituras breves pela blogosfera e uma conexão , com actualização de fotografias , ao facebook , janela onde tenho as vistas dos meus amigos longínquos.

Volto de novo à jardinagem , forma de expiar os fantasmas e de ocupar o tempo livre , cujos resultados são ainda , em parte , desconhecidos. Alguma coisa já se vê melhorada mas outra só mais tarde se vai ficar a saber se se fez bem ou não.

O tempo vai fluindo leve e sem dificuldade e isso é bom.

Continuo em branco quanto ao meu futuro mas vai ter que ser um dia de cada vez.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Alentejo V

01/08 /2010 - Domingo

O jantar acabou há pouco. São três da manhã e vou agora deitar – me . Amanhã quero levantar-me o mais cedo que for possível.

Á medida que o tempo passa , fico mais calmo , mais integrado com os outros e o tempo custa muito menos a passar. Fico com aquela impressão mista entre a vagarosa progressão dos minutos e a rápida passagem dos dias.

Pode ser que ainda cá volte e fale e veja outras pessoas.

Joana é uma mulher bonita e interessante mas parece ter uma relação algo conflituosa com o seu corpo . Tem umas gramas a mais que porventura não consegue ou não quer controlar e , de vez em quando , deixa transparecer esse dilema de ter uma cara bonita num corpo roliço , um pouco fora dos actuais padrões .

Ninguém comanda por completo o seu corpo. Podemos ajudar – nos nessa matéria mas tenho para mim que muito está pré determinado pela conjugação entre a genética e o acaso.

Foram para a Zambujeira. Mesmo a Ana Rita , que me fez lembrar uma coquete lisboeta apesar de ter passado por Coimbra , lá acabou por ir , indecisa, mas embalada pela conversa do Jorge onde terá adivinhado promessas de uma noite activa.

Alentejo IV

31 / 07 / 2010

O tempo , por estas bandas , perde o seu ritmo habitual e eu com ele, perdido vou ficando também.

Chego à cama já o dia raiou , os pássaros chilreiam animados e as rolas fazem – se ouvir com maior clareza do que no resto do dia.

Ontem , pouco depois das dez horas da noite , chegaram a Ana Rita , a Joana e a Marta que trouxeram o traço feminino que este monte precisava.

São mulheres novas ainda , na casa dos trinta , em busca de diversão e aventura e que só não a terão se os homens não se prestarem a propiciar – lhes isso mesmo: diversão e aventura.

Para minha contrariedade sinto ser uma carta fora do baralho. Digo para mim próprio que não deveria estar aqui , que deveria estar a fazer alguma coisa útil que contribuísse para mudar a minha condição e não aqui portando –me como um adolescente inconsciente .

Alentejo III

30 / Julho / 2010 - sexta-feira

São 12H54 . O tempo está completamente cinzento. Uma chuva muito miudinha caiu há pouco mas neste momento não chove.

Ontem , depois do jantar caríssimo no Octávio , vim para o monte não muito tarde mas já um pouco atordoado . Começa a perder a piada esta repetição de movimentos e de actividades : jantar tarde , abusando na bebida e no fumo. Para além da conversa , boa a grande maioria das vezes , quase mais nada se passa. Aos outros parece não fazer diferença. Ainda foram para a Zambujeira e chegaram bem mais tarde e ainda mais bebidos. A energia parece não mais acabar.

Irei para cima ou amanhã ou no Domingo. Para já , não preciso de mais rambóia.

Alentejo II

29/7/2010

Estou desempregado. Esta é uma daquelas palavras malditas quase como a palavra cancro. Mas é , acima de tudo , um estado «fodido» , utilizando um termo do português de raiva e de rua , que não é assim tão maldito porque se pode dizer em determinadas circunstancias.

Estar desempregado faz – nos sentir a espaços, ausentes , fora do circuito , afastados da comunidade e , quem sabe, à medida que o tempo vai passando , da realidade.


Vim até ao Alentejo. É uma espécie de romaria anual . Tem sido assim há mais ou menos vinte anos, quase ininterruptamente. Vim pela primeira vez com o Jorge e creio que foi sempre com ele cá que cá voltei , porventura exceptuando a vinda com a Adélia , que foi num Outubro ensolarado de , há mais ou menos , uns dez anos atrás.

De resto tem sido o Jorge , depois a São , o Cabé e a Gu , que foi deposta pela Margarida e esta , por sua vez , destronada , mais recentemente , pela Paula .
Não nos esqueçamos do Zé Augusto ( Augustinho ) e da sua maravilhosa família que , infelizmente , deixaram de vir para cá há uns anos a esta parte .
As irmãs "fitness" , creio que assim eram apelidadas pelo Jorge, Raquel e João , são também habitués deste lugar , mais a Raquel , porque a João depois de casar e de ter o seu filhote aparece menos vezes.

Temos , claro , o inefável João Galo , que é uma presença imprescindível e igualmente assídua como o Jorge.

Com carácter mais passageiro têm aparecido as namoradas do Jorge , múltiplas , miúdas porreiras , a maioria das vezes .

Lembro – me do Paulo Fragoso e do Chico Bianchi . Este último já para cá vem há muito tempo mas muitas das vezes em alturas diferentes daquelas em que eu por cá estou.

Mais recentemente , depois do divórcio , o Didi , Joaquim Faustino de seu verdadeiro nome , tem sido um repetente e já faz parte do , digamos assim , núcleo duro.

Outras pessoas por cá têm passado e estado , como a Ana Rocha , a Xandoca , Cláudia e Tinô , Joana Roldão e outras ainda compondo um grupo de gente gira.

Contudo , sempre tem havido nestas minhas passagens por cá, uns momentos em que a companhia dos outros me satura. Por certo é normal e não me devo preocupar minimamente com isso. Devo é saber viver com isso. Se alguém ficar desagradado deverá ter a gentileza e franqueza disso me dizer. Não deixa é de me ser algo desconfortável e incómodo mas tenho , repito , que saber lidar funcionalmente e razoavelmente com a questão.

Jorge e Didi expiam os seus diabos interiores cantando ; o Bernardo repetindo a frase , “ai! como a brasileira era boa. Só me apetece cobrir…”, parafraseando um pouco a máxima que o «Mestre» Jorge tanta vez profere. Jorge é assim carinhosa e respeitosamente , tratado , pela sua longa experiência destas e de outras andanças.

João Galo , mais calado , consegue sempre manter a presença de espírito e , quando intervém ,diz a coisa certa na hora certa , com algum humor e inteligência. O Gonçalo chegou há pouco. Ainda vem a viajar. Deverão ir até à Zambujeira , completar a noite de copos.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Yoga e não só

Prática de Yoga em Coimbra,no Bem me Quero,com orientação da Lara, mulher que vi pela segunda vez na vida mas que me cativou como quase toda a gente ligada ao yoga me cativa. Espontaneidade e à vontade na comunicação. São quase sempre pessoas que falam de forma aberta e franca para toda a gente , sem complexos ou preconceitos. Está em fase de mudança de instalações e talvez por isso estivesse um pouco eufórica não obstante se perceber alguma mágoa ou tristeza porventura por ir deixar um espaço que já ocupava há quase um ano , segundo fiquei a saber.

Fui com a minha irmã.

Uma outra irmã também esteve por cá , falando muito sobre o problema que tem entre mãos para resolver depois do seu filho lhe ter destruido o carro num acidente do qual saiu , felizmente , ileso. É natural:a compra de um carro é quase sempre uma dôr de cabeça.

Continuo sem a ter a minima ideia do que vou fazer amanhã. Talvez vá a Águeda ver se está tudo bem em casa e aproveito para pagar a renda. Mais um mês de compromisso com uma terra onde não quero continuar. Mas não sei o que fazer nem para onde ir viver.É angustiante. De vez em quando aparecem umas ideias , umas possibilidades mas nada que eu diga , é isto.

Começo a preocupar - me realmente.

domingo, 1 de agosto de 2010

Alentejo I

28/7/2010

São quase 13H00 e todos , à excepção do Galo , estão acordados ou melhor, semi acordados , dadas as horas tardias a que se deitaram , os whiskies bebidos e os cigarros fumados que inevitávelmente os deixaram num estado entre o hipnótico e o anestesiado com os sentidos e o raciocínio toldados.


Se assim é comigo não há – de ser muito diferente com os outros.

Tomar o pequeno almoço , fumar os primeiros cigarros do dia , trocar umas palavras de circunstância e cada um de nós parece cair num espaço próprio necessário para o reencontro individual após as longas horas feitas de partilha , libertação e euforia potenciadas pelo álcool e pelo fumo.

O Jorge não foi à cama e , de directa , foi caçar umas rolas com a pressão de ar tendo – se recostado agora mesmo no sofá da sala. Não passaram ainda uns minutos e já se ouve ressonar. Muito se queixa da dificuldade em adormecer mas já perdi a conta das vezes em que o vejo a fazer isto : adormecer como um bebé apenas com a diferença que o ronco dá. Vai dormir por um bom bocado , se o deixarem.

O tempo hoje está agora algo cinzento , com um céu de trovoada , que já nos presenteou com uns ligeiros e breves pingos de chuva. A temperatura está talvez mais baixa hoje do que ontem mas não é por isso que não me apetece ir à praia neste momento. Não há , este ano , a mesma vontade de outros anos do sol , da praia e do mar. É natural…

Pode ser que lá vá mais tarde…

Tenho pena de não saber mergulhar decentemente porque o mar está suficientemente calmo e tranquilo que daria com certeza para trazer peixe, polvos ou bruxas .

São agora 22H18 e estou sozinho no monte ouvindo uns trechos do segundo e terceiro actos do Turandot de Puccini. É um pouco estranho neste sítio mas é assim mesmo a vida: estranha e sempre surpreendente .

João , Jorge , Bernardo e Didi talvez estejam jantando no Octávio. Não enviaram qualquer mensagem. Vou ficar por aqui mais um bocado e talvez lá apareça depois.

Ana e Patrícia partiram para Lisboa e agora ficámos sem mulheres o que desequilibra e destempera os momentos. É pena mas paciência que outras mulheres virão...!

domingo, 25 de julho de 2010

Véspera

Foram todos embora. O silêncio ocupa por completo o espaço e restam sómente as memórias do dia como despojos aprazíveis, quase palpáveis.

Partirei amanhã para o Alentejo com o coração um pouco mais preenchido.

sábado, 24 de julho de 2010

Momento de tranquilidade

É tarde. Uma beatitude inesperada invadiu a sala.

Por certo adivinhou que irá ficar sem mim uns dias.

Ao longe ouve - se uma música popular que chega até aqui já cansada e sem muita força.

É assim! Por esta altura do ano , por esse Portugal fora , festas e romarias : música e dança , conversa à solta.

Festeja-se a vida , aproveita-se o momento .

Põem -se para trás das costas ou dentro de um copo , mesmo que apenas por instantes , os problemas do dia a dia , a crise , os desencontros da vida , as tristezas , a trampa do Sócrates ...

Dançai e bebei , que a vida são dois dias...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A amizade

Um código secreto regula as relações de amizade. As regras não estão escritas em lado nenhum e muitas das vezes também não são verbalmente enunciadas.Se esta informalidade "contratual" fornece à amizade o que de tão especial se lhe reconhece 'obriga' as partes ao uso de tacto , bom senso e , sobretudo , de franqueza e honestidade.



Entendo que a amizade deverá ser uma relação onde a verdade/sinceridade impere , onde possamos ser ao pé do outro quase como somos ao pé de nós próprios.


Por isso carrego na consciência o peso de uma desnecessária embora que inofensiva e inconsequente mentira dita ao meu amigo J.



É preciso que o outro saiba o que pode esperar de nós: não precisaremos de relatar todos os nossos actos ou pensamentos mas é necessária uma base de confiança , é necessário que o outro saiba o que nós , estruralmente , somos. Nada é pior que a insegurança, o não saber com o que se pode contar.


Pudor e acanhamento são sentimentos que não podem ter lugar numa relação de amizade. A amizade é o reino da franqueza.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Memória

Olhou na água o seu rosto reflectido , tremulando entre as pequenas ondas . Parecia uma criança esquecida e abandonada , ansiosa e já um pouco assustada .


Como antigamente , em menino, estava receososo , sentia-se só , profundamente só , como se fosse a unica pessoa à face da terra , como se toda a gente se tivesse ido embora , como se todos o tivessem abandonado. Sentira de novo que o seu pai , do outro mundo , o abandonara uma vez mais.

Ali permaneceu por um bocado absorto nos seus pensamentos , refugiando - se num mundo que só existia dentro da sua cabeça , continuando a olhar a sua imagem reflectida no espelho de água , vendo o seu rosto distorcido , ondulando lentamente em cima daquele tapete liquido . Sentiu-se realmente só . Quase sentiu medo e esteve mesmo quase a chorar , paralizado , até que uma voz vinda de trás de si o trouxe de novo para a realidade.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Crianças

É dia ainda. Parece que ontem não existiu e cheguei a hoje vindo do nada.

Estou entre crianças numa brincadeira que só elas sabem ter , correndo e gritando sem razões aparentes apenas pelo prazer de correr e gritar.Balões coloridos levantam-se no ar e a pequenada delira numa alegria sem fim.Atiramos , uns aos outros, água do pequeno lago junto das árvores e eu vou correndo com eles à minha volta até que as forças se esgotam e me deito na relva , olhando o céu e ouvindo as gargalhadas desordenadas que se espalham pelo espaço. As correrias continuam como se aos meus amiguinhos não acabassem nunca as forças. João atira-se para cima de mim e fica a rir-se olhando-me o rosto suado com um ar interrogativo:"então,não brincas mais?" . "Sim", respondo-lhe com o que resta do meu fôlego e sorrio ao mesmo tempo que lhe faço umas cócegas tentando afastá - lo porque quero descansar um pouco mais ,ali deitado no chão.Não resulta. Assim que se recompõe volta a «atacar-me» , chegando agora a sua vez de me fazer umas cócegas que há muito já não tenho mas disfarço e desfaço - me em trejeitos e risos que a certa altura chegam mesmo a ser verdadeiros .



Corro atrás dele como um monstro assustador aproveitando para amedontrar outros coleguinhas que apanho pelo caminho. Gritos e mais gritos. Correria desenfreada e aleatória por entre as árvores e os arbustos passando por cima de toda a folha , até que me atiro de novo para o chão fazendo - me de morto e quase morto estou tal o cansaço." o monstro morreu" , grito bem alto. Ninguém quis saber de tal acontecimento. Se o monstro morreu outras personagens logo surgiram e a brincadeira continuou caótica e livre.

sábado, 5 de junho de 2010

Dúvida desfeita

A felicidade não se procura,encontra-se.

domingo, 30 de maio de 2010

Tristeza

Pouco mais que tristeza tenho para relatar e mesmo essa não é fácil de descrever.



Sei que pouco ou nenhum sentido faz este estado de melancolia sabendo tanbém que não traz solução para problema algum mas parece que tenho que passar por ele para poder começar seja o que for.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Vazio

Parece que entrei num buraco. A cabeça comprime - se , os pensamentos ficam cada vez menos claros , a realidade transforma-se , o tempo assume uma dimensão estranha.



O silêncio avança e impõe - se. Não há vozes. Poucas são as palavras trocadas;fortuitas e sem sequência.

Como sair deste buraco?

sábado, 15 de maio de 2010

Conversa imaginária III

Podia ter sido feliz , sabes?!

e talvez até pudesse ter -me realizado profissionalmente..., sabes?!

Houve uma época em que essa possibilidade existiu mas eu era ingénuo e irrealista.
Pensava que bastava existir , para que isso acontecesse.

Só mais tarde , muito mais tarde , sabes? , depois de muito sofrimento é que percebi que a vida não funciona assim. É preciso muito mais do que simplesmente existir para que haja a possibilidade de se tocar a felicidade.

Eu sei que isto é um lugar comum, que é a coisa mais natural do mundo , isto é , que é a lógica normal das coisas mas para mim não o foi durante muito tempo , sabes?

Pensava que bastava estar , que fosse suficiente respirar , comer e dormir que tudo aconteceria e que tudo o que eu desejasse se tornaria realidade.

Estúpido, não é? imbecil mesmo , mas mantive esse pensamento durante muito tempo , tempo de mais reconheço hoje. A vida encarregou – se no entanto de me ensinar que nada era como eu julgava que fosse e tive naturalmente que fazer o meu caminho cometendo, porventura tardiamente, erros que não tinha cometido e com eles aprender a crescer. E sei que muito tenho ainda que errar , muito tenho que aprender e receio mesmo que já não haja tempo para muita coisa e que muito fique por viver e por fazer.
Sinto o tempo escorrer , sem piedade e por vezes as forças abandonam-me .

Olhei – a discretamente e tentei decifrar através das feições do seu rosto o que lhe passaria nos pensamentos mas nem sempre era fácil. Atrás da leveza daquelas linhas escondia –se algum mistério que ainda não conseguira desvendar e que , de alguma maneira, me intrigava um pouco. Havia momentos em que a sua testa se franzia de uma forma peculiar perdendo – se com isso o equilíbrio que o seu rosto tinha a maior parte do tempo, e isso causava – me alguma perplexidade e admiração.

A lareira estava acesa. Levantei – me e fui remexer a lenha, acrescentando mais umas achas, tornando o fogo maior e mais quente. Olhei por instantes as labaredas crescentes e voltei ao lugar caminhando pausada e pensativamente.
Ali estava ela encostada do lado esquerdo da boca do fogo, conversando com a sua amiga Catarina, ambas fumando, trocando conversa recente.

Conversa imaginária II

Estou morto, pensei. Morri e vim parar aqui, a esta praça onde há algumas pessoas que pintam, outras que circulam, aparentemente sem nada para fazer .
Um pouco mais á frente, não muito distante, num coreto, um rancho de folclore dança ao som da música tradicional.
As palavras saíam – me moles, sem vivacidade, sem ânimo, com falta de convicção e decidi que talvez fosse melhor sair dali. Afinal não era bem eu que ali estava. Morrera, pensei.

Morri, pensei. Morri e vim para aqui dizer – te isso mesmo, que morri ou parti para um lugar longe de mim. Queria que as lágrimas corressem pelo rosto abaixo mas hoje ausentaram-se, estarão porventura em sítio longe, incerto, distantes do rosto porque longe do coração.

Começou a chover, Ao inicio pouco mas logo aumentou , a seguir parou .
Ficaste ali, mesmo assim, entretida a pintar o quadro que a tua imaginação deixava.

Quem sabe se um dia nos encontraremos e então te possa revelar o amor que um dia senti e que ficou à porta das palavras por receio. Sou um tímido inveterado, sabes, acho mesmo que não tenho cura e foi isso que ajudou em grande medida a que tenha ficado só e me sinta tão perdido e quantas vezes sem esperança de me encontrar como ser humano ou encontrar um momento ou um lugar onde sinta paz. Tenho medo, por vezes, muitas vezes ultimamente, sabes, tenho um medo absurdo, lancinante quase.

Conversa imaginária I

- Sabes, Inês, o homem criou Deus porque precisava dele. Sem fé não é possível viver. Conheço pessoas que, como eu, dizem que não acreditam em nada para lá do visível, do sensível, do imaginável ou do palpável mas é mentira, sabes, todos nós acreditamos em algo que não conhecemos e nos transcende e , o mais curioso é que queremos que assim se mantenha: desconhecido, misterioso e indecifrável .

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Erro de calendário?

Tempo chuvoso e frio.

Maio a fazer lembrar Novembro.

Mesmo a visita da Santo Padre não foi suficiente para convencer S.Pedro a acertar o clima com o calendário e faz frio e chuva num mês de Primavera madura.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Equivoco

O que faço aqui?


Por cima de mim a criança chorona , mimada e mal educada , incomoda - me a todo o instante . Os pais pensam certamente que têm ali um tesourinho mas , por amor da santa , se não se põem a pau , têm ali um monstrinho , sem criatividade , sem vontade , sem iniciativa , acreditando que lhe basta chorar para ter tudo o que quer.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

As noticias da TV

O Benfica sagrou - se ontem campeão nacional de futebol da época 2009/2010. Á conta disso , as televisões nacionais pintaram - se de vermelho e mostraram - nos os esfuziantes adeptos em comemoração frenética e participada.
Por norma , este tipo de manifestações são muito pouco educativas e edificantes .
Vêem - se umas tantas pessoas aos saltos - maioritáriamente jovens - gritando umas palavras de ordem de pouca imaginação , encavalitando - se em cima de estátuas , carros ou postes , agitando cachecóis e bandeiras , fazendo , na grande maioria das vezes , figurinhas pouco interessantes e durante uma quantidade de tempo absolutamente desproporcionada.
Mas é assim ! Uma delícia aparente para as nossas cadeias de televisão que nos dão daquilo até ao vómito.
Paralelamente , essas mesmas televisões , também nos falaram do conciliábulo que os dirigentes políticos europeus mantiveram , pela noite dentro , em Bruxelas , tentando encontrar soluções para o regabofe económico/financeiro em que grande parte dos países da união europeia se encontram.
Parece que sim , parece que se encontraram uns milhões largos de euros , vindos sabe lá Deus de onde , que se vão entornar nos caldeirões efervescentes das economias dos diferentes países para atenuar a fervura das respectivas crises.
E ainda nos falam do Papa , as nossas queridas televisões. Muito Papa , muitos detalhes , aliás todos os detalhes sobre tudo o que se ralacione com a visita de Sua Santidade.
Não tenho nada contra este Papa , nem nada contra a instituição que representa , apesar de estar distante quer da prática quer de muitas das ideias e posições adoptadas pela Igreja Católica.
O que me cansa é a repetição do tema e o esmiuçar , por vezes sem qualquer sentido ou interesse , dos pormenores que rodeiam a sua visita ao nosso País.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um dia de reflexão

Chove de novo.

O céu está cinzento e a temperatura baixou .

Baixou também o ânimo dentro de mim.


Mas é assim mesmo. O sol todos os dias nasce e todos os dias morre, numa permanente regeneração.Amanhã será um novo dia . Os dias fazem - se em semanas e depois em meses e depois em anos e chegará a altura em que partiremos e deixaremos de perceber esta cadência que , contudo, continuará mesmo sem a nossa presença.

É sempre diferente , nunca nada é igual.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Prós, só prós.

Vou-me deitar mais descansado porque sei que a Dona Fátima Campos Ferreira está a tratar de salvar este meu País de qualquer malefício a que possa estar sujeito.
É um descanso saber que todas as segundas feiras alguém olha diligentemente por todos nós e que , nas terças - feiras que se seguem a estas curas televisionadas,nada mais será como antes , todos os males ficam tratados, todas as feridas saradas .

Dorme tranquilo português menino , que a mamã Fátima cuida de ti.

domingo, 2 de maio de 2010

Maio

Dia da Mãe.

Almoço em família.

Vejo e sinto que os anos passam , implacáveis. Os mais velhos , mais velhos , os mais novos são hoje adultos jovens que começam a vida , cheios de vigor e esperança.

Uma certa nostalgia abate - se sobre mim . Sei que fui e sou o grande responsável pelo que me aconteceu , embora tome consciencia que em determinados momentos não tinha consciencia clara dos lugares para onde os meus passos me levavam.

O tempo passa rápidamente e num instante olhamos o espelho e vemos alguém que não reconhecemos de imediato. A imagem reflectida é que nos auxilia e diz: este és tu. Cabelos brancos onde anteriormente estavam cabelos castanhos , rugas onde antes havia pele lisa e nos olhos , uma tristeza , onde antes se via um brilhozinho.

sábado, 1 de maio de 2010

Festa

Abre-se a porta e vão entrando os convidados numa desordem de festa , com ruído de crianças e agitação de adultos ; as vozes vão-se sobrepondo umas às outras num caos amistoso e as crianças , correm contentes , umas atrás das outras , como se se procurassem a si próprias.De vez em quando ouve -se o barulho de qualquer coisa a cair , seguido de silêncio , uma reprimenda , nada de grave e tudo volta a girar , as crianças soltando gritinhos ,os adultos voltam à conversa , esquecendo-se o episódio ,até ao próximo.

Dura umas horas a festa. A agitação é constante mas vai diminuindo à medida que o tempo passa e os convidandos vão saindo , satisfeitos e felizes.

Fica a família e a mãe começa as arrumações , enquanto a criança esgotada se encaminha para o sono , com um sorriso no rosto e satisfação na alma , indo sonhar com princípes e princesas , cavalos alados e elefantes voadores , seres extra-terrestres esverdeados e amarelos , de tres olhos e seis dedos , derrotados por pistolas de lazer e de sons ultrasónicos.

A noite chega atapetando o dia , acalmando o frenesim.

Volta o silêncio.

O tempo

É sempre pouco o tempo. Passa a voar. Deitamo-nos e depois do sono somos os mesmos , tranformados , um dia mais velhos .
Por vezes há vendaval , outras , a calmaria. É sempre diferente.

Ouço a criança a brincar , gritando , correndo , cheia de emoções e vida , crescendo dia após dia, fazendo -se gente , adulto que se esquecerá como foi em criança , cheia de emoções e ilusões.

Lá mais ao longe o mar vai-se desfazendo em espuma branca junto à areia , entoando uma sinfonia interminável e bela.

O tempo não pára , indiferente a tudo , na mesma cadência de sempre , determinado e certo , deixando as suas marcas , fazendo e desfazendo , construindo e destruindo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Formação em Coimbra

É tarde. Estou cansado. A semana está quase a acabar e é o silêncio que trago dentro de mim.



Catarina é engraçada. É uma mulher menina , leve e suave . Não sou capaz de lhe dar uma idade. Eu próprio , confesso , tenho alturas, em que não sei muito bem que idade tenho. Mas Catarina é jovem ainda , disso não há dúvidas.



Orlando , faz-me lembrar o Cabé. Fala demais mas é cómico , por vezes um pouco inconveniente.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Incúria

Estou fulo. Fulo com o meu País , fulo , principalmente , com aqueles que o têm governado ao longo destas décadas de democracia , para não ir mais longe.

Derrubou-se a ditadura , instaurou - se um regime democrático mas não se soube estabelecer um regime justo e económicamente sustentável . Muito fica a dever - se à ganância , aos interesses mesquinhos , à visão curta e imediatista. E depois , não sabemos planear , perspectivar o futuro. Além disso, somos preguiçosos , preferimos o facilitismo ao trabalho duro . Para piorar tudo , gostamos mais de falar e de opinar do que de fazer . (Temos , porventura , dos melhores palradores que há e para todos os assuntos ). Somos invejosos e pouco unidos . Somos egoístas e convencidos . Somos um País de futebol. Raios partam tanto futebol , porra.

Que merda de situação esta...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Abril

Comemorou-se ontem mais um aniversário do 25 de Abril .

Fui à praia , li um pouco da Eneida , dormitei no sofá da sala e olhei para a televisão quase sem ver fosse o que fosse.

Há 36 anos atrás foi um dia de festa para boa parte dos portugueses.

Eu , que era muito novo , bastante mal informado e vivia num Portugal rural que já não existe , não vivi esse dia em festa por desconhecimento e ignorancia mas , os que se lhe seguiram , foram de um entusiasmo , alegria e expectativa como nunca mais vi neste País que , ano após ano depois , foi perdendo a cor e o brilho.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Eu sei lá

Entrou e avançou um pouco pelo hall de entrada . Parou , aguardando que alguém viesse ter consigo.


Olhou em redor , observando os quadros expostos , conseguindo perceber que tinham entre si , uma característica comum: luz e a água .



Em todos eles uma luz expressa , clara e ampla e , em quase todos , água. Num deles, logo à esquerda , para onde primeiro dirigiu o olhar , havia um rio luminoso que sobressaía numa paisagem campestre e que logo chamava a atenção pela forma intensa como a luz se reflectia nas suas águas tranquilas quase deixando passar despercebida a mulher que caminhava junto às margens , com um cesto no braço , como se andasse colhendo fruta.

No outro lado , onde havia uma porta , num outro quadro , era o mar , batendo impetuoso e revolto nos rochedos , que retinha a luz branca de um dia de Agosto , luz que lhe acentuava a rebeldia e a liberdade. De imediato pensou no seu querido Alentejo . Na parede em frente , ao lado da escada que ali nascia , um curioso quadro onde , dentro da piscina , se via de lado uma linda mulher nadando um enérgico mas elegante crawl. Mais uma vez a luz . As curvas do ventre delicado da mulher chamavam a atenção pela forma como a luz nelas incidia , prendendo o olhar , como se ali houvesse um íman . Ao mesmo tempo a imagem , quase fotográfica, transmitia uma grande tranquilidade . Logo ao lado deste , o retrato que mais o impressionou,a lápis ou carvão ,de uma mulher. Traços leves e suaves desenhavam um rosto de onde se soltavam cabelos cor de trigo envolvendo os olhos , tapando até o olho esquerdo , deixando perceber um sorriso breve , tranquilo e amistoso.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Noite tranquila

Choveu há pouco mas já não chove mais. A metereologia prevê ,aliás , para mais logo , um dia cinzento em quase todo o território nacional , o que não me parece mal nem bem , diga - se.

Hoje , quando as nuvens deixaram que o sol se visse a brilhar, fez um calor quente , mais de Verão do que de Primavera se é que essas categorias ainda existem na realidade.

Gosto do silêncio. Faz - me lembrar o deserto mas lembra - me sobretudo as grandes praias de Março ou Abril , sem gente nem rebuliço. Apenas a areia , o mar e normalmente o vento . Areia, mar e vento.Por vezes umas gaivotas procurando alimento. Gosto dos grandes areais vazios, sem gente nem rebuliço,sem atropelos nem pressas. Apenas areia , o mar e vento.Parece haver mais lugar para o sonho e para a esperança.

Gosto de tomar banho nas grandes praias desertas de Março e Abril. Quando o mar deixa!. Ás vezes só dá para me sentar junto à água e ficar observando as ondas e a linha do horizonte , mais ao longe.Por vezes um casario a norte ou a serrania a sul. Doutras vezes , apenas escarpados rochedos que mergulham temerariamente nas águas frias do oceano.

Porquê?

O que venho aqui fazer no final do dia , cansado , é um mistério , até para mim próprio ,mas é um ímpeto superior à minha vontade que me impele a sentar e a dedilhar sobre este teclado preto marcado a branco.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pocariça

É já um pouco tarde.Talvez meia noite. Depois de ter desligado a televisão um silêncio profundo envolve o espaço onde me encontro.Só a ventoinha do computador e o barulho das teclas premidas por mim quebram a calmaria onde de repente entrei. São a minha companhia.

Acendo um cigarro , apesar de saber que me tira vida.Observo o fumo a dissipar - se lentamente no vazio da sala , desaparecendo . Dou mais uma baforada. Os pulmões não gostam muito deste meu amigo mas agora não é o momento deles , tiveram hoje os seus momentos . Agora é a hora do silêncio e da recordação. Do balanço do dia.

Lembro - me de Ana a quem ainda não respondi. Ana que tem sido uma companhia esporádica mas amiga e com quem gosto de falar , mesmo que seja quase só por sms.

Recordo o dia fantástico de sol que hoje fez , o mar calmo , raro nestas paragens , a belíssima praia , a leitura , a preguiça e a calma , sobretudo a calma.O cafézinho no Quim Manel e as bincadeiras com a Bárbara e o Manel , a gentileza da Mami.

Agora a tranquilidade de uma casa vazia mas que de vez em quando se enche com partes do meu passado num silêncio apenas entrecortado pelo barulho das teclas premidas por mim e da ventoínha deste computador onde escrevo.

domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa

Tudo hoje me fez lembrar que a nossa vida não é mais do que uma passagem, um tempo intermédio entre o momento em que nascemos e aquele em que desapareceremos como matéria. Sabemos do início mas desconhecemos o fim.

Como a Páscoa , palavra que , em hebraico , significa passagem .

Se pensarmos que Jesus Cristo faz uma passagem entre a vida e a morte e da morte para a vida pela ressureição , talvez possamos dar à nossa Páscoa o siginificado que tem em hebraico até porque , com o seu sacrificio , leva os que então o seguiam e depois muitos outros , a fazer igualmente a passagem , a passagem para uma religiosidade até então desconhecida .


Particularmente hoje , não sei com rigor, como vai ser o dia de amanhã , como poderei então querer ter a pretensão de saber que tipo de foz terá o rio da minha vida?


Vem esta pequena reflexão a propósito da visita pascal em que hoje participei , nesta aldeia onde me fiz gente e onde tanto da minha vida se encontra.


Foi um permanente reencontro com o passado e, a espaços , a pré visão de algum futuro , mas foi o presente que , com prazer e bonomia se impôs e o que vivi a grande parte do tempo .

Benção da época? não sei, não sei até se mereço qualquer espécie de benção, o que sei , o que senti , foi um bem-estar especial, uma calma interior (não obstante alguma agitação vivida) e que se percebia ser sentida tanbém por aqueles com quem falei e me cruzei.


Um tempo presente sempre atravessado pela memória de outros tempos é certo, porque as palavras , feitas conversas , trazem consigo as lembranças , evocando -se , com emoção e sentimento , aqueles que já não estão , relembrando - se episódios passados , história e estórias arrumadas nas gavetas do tempo .

Tenta- se adivinhar no rosto dos jovens as linhas dos seus progenitores como se se parasse o tempo e se fizesse o filme da nossa vida andar para trás, num exercício de recordação e imaginação.



Há novas casas , famílias novas , muita gente que não conheço , porque perdi uma ou mais gerações , mas mesmo isso , esse grande período de tempo aqui não vivido , em que a vida continuou correndo em permanente criação , não me entristeceu tanto como em outras ocasiões tendo - me trazido até uma prazenteira sensação de comunidade e de família, de partilha e comunhão.

terça-feira, 23 de março de 2010

Nostalgia em Março

De vez em quando bate uma nostalgia que sobrevém e se instala com magnificência , deixando - me encostado a um canto de mim , com o coração apertado e com uma vontade de molhar o rosto com a água da alma.

Há momentos em que sou assim invadido e quase nada posso fazer.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sábado

Fevereiro invernoso , calamitoso e pantanoso!



Confusões que chegam até nós pela televisões frenéticas , ávidas de desgraças e de desconfortos e que propagam com velocidade maior a miséria moral.



A metereologia parece fazer parte de um cenário pré dantesco.



Portugal vive uma vez mais dias de angústia e de desânimo por causa de uns tantos videiros que , repetidamente , enlameiam o território , conspurcam o ar que se respira , destruindo lentamente o que resta da Pátria .



Mas a nós , aos outros , aos que não estão sujos nem conspurcados e que não querem nunca fazer parte da imundície , cabe - nos o dever de deixar o bovino olhar e actuar. Começar agora a agir , com obstinação e tenacidade , diáriamente , a todo o instante.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Magnólias em flor


Magnólias em flor, com as pétals dançando ao som do vento ...


Depois , caminhámos !


O frio de Fevereiro enrubesceu o nosso rosto, com sorrisos.


O jardim , permanecendo em silêncio de inverno , fez - nos sonhar com a primavera.


Debaixo das pétalas dançando, fomos felizes por um bocado.


domingo, 3 de janeiro de 2010

Ana,uma outra vez Ana

Levanto - me cedo , perturbado pelo insistente pensamento com Ana , ao mesmo tempo acre e doce , que não me deixa tranquilo.


Não deixo de ser adolescente.


Em muitos aspectos da minha vida parece ser o unico estado que conheço e de onde não quero arrancar. Tenho dito a mim mesmo que nem tudo precisa de continuar igual e este é um ponto onde , definitivamente , é preciso mudar. Mas nem sempre é fácil. Há comportamentos que ,de tanto se repetirem, vão cavando sulcos que só tendem a aumentar e de onde depois não se sai facilmente.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Ano Novo, amizade antiga

Fim de ano em casa do Jorge com os amigos «alentejanos».

Um bom jantar , bem regado , nada de muitos exageros nem de muita confusão mas com uma boa conversa ,amena e franca , pelo menos eu assim a vi , com bons momentos de confraternização.

O Jorge anda animado com a nova namorada que apareceu em dois momentos diferentes , repartindo o tempo entre a sua família natural e esta «nova» família , digamos , de acolhimento acrescentando um novo colorido à manta de cores que temos sido todos nós e que , apesar de se manter firme e tensa parece, a espaços , querer ficar um pouco desbotada .

Conheço o Jorge há já muito tempo , talvez mais de vinte anos , e é sem dúvida o meu amigo mais próximo e chegado e aquele que melhor me conhece e entende. Somos bastante diferentes , em algumas matérias estamos nos antípodas um do outro , mas isso não tem impedido que a nossa amizade se tenha vindo a fortalecer à medida que o tempo vai avançando.


E isso é bonito e saboroso. É bom ter um amigo assim...


Precisa de ser regada , a amizade , tal com as plantas que sem água murcham e morrem.