domingo, 30 de maio de 2010

Tristeza

Pouco mais que tristeza tenho para relatar e mesmo essa não é fácil de descrever.



Sei que pouco ou nenhum sentido faz este estado de melancolia sabendo tanbém que não traz solução para problema algum mas parece que tenho que passar por ele para poder começar seja o que for.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Vazio

Parece que entrei num buraco. A cabeça comprime - se , os pensamentos ficam cada vez menos claros , a realidade transforma-se , o tempo assume uma dimensão estranha.



O silêncio avança e impõe - se. Não há vozes. Poucas são as palavras trocadas;fortuitas e sem sequência.

Como sair deste buraco?

sábado, 15 de maio de 2010

Conversa imaginária III

Podia ter sido feliz , sabes?!

e talvez até pudesse ter -me realizado profissionalmente..., sabes?!

Houve uma época em que essa possibilidade existiu mas eu era ingénuo e irrealista.
Pensava que bastava existir , para que isso acontecesse.

Só mais tarde , muito mais tarde , sabes? , depois de muito sofrimento é que percebi que a vida não funciona assim. É preciso muito mais do que simplesmente existir para que haja a possibilidade de se tocar a felicidade.

Eu sei que isto é um lugar comum, que é a coisa mais natural do mundo , isto é , que é a lógica normal das coisas mas para mim não o foi durante muito tempo , sabes?

Pensava que bastava estar , que fosse suficiente respirar , comer e dormir que tudo aconteceria e que tudo o que eu desejasse se tornaria realidade.

Estúpido, não é? imbecil mesmo , mas mantive esse pensamento durante muito tempo , tempo de mais reconheço hoje. A vida encarregou – se no entanto de me ensinar que nada era como eu julgava que fosse e tive naturalmente que fazer o meu caminho cometendo, porventura tardiamente, erros que não tinha cometido e com eles aprender a crescer. E sei que muito tenho ainda que errar , muito tenho que aprender e receio mesmo que já não haja tempo para muita coisa e que muito fique por viver e por fazer.
Sinto o tempo escorrer , sem piedade e por vezes as forças abandonam-me .

Olhei – a discretamente e tentei decifrar através das feições do seu rosto o que lhe passaria nos pensamentos mas nem sempre era fácil. Atrás da leveza daquelas linhas escondia –se algum mistério que ainda não conseguira desvendar e que , de alguma maneira, me intrigava um pouco. Havia momentos em que a sua testa se franzia de uma forma peculiar perdendo – se com isso o equilíbrio que o seu rosto tinha a maior parte do tempo, e isso causava – me alguma perplexidade e admiração.

A lareira estava acesa. Levantei – me e fui remexer a lenha, acrescentando mais umas achas, tornando o fogo maior e mais quente. Olhei por instantes as labaredas crescentes e voltei ao lugar caminhando pausada e pensativamente.
Ali estava ela encostada do lado esquerdo da boca do fogo, conversando com a sua amiga Catarina, ambas fumando, trocando conversa recente.

Conversa imaginária II

Estou morto, pensei. Morri e vim parar aqui, a esta praça onde há algumas pessoas que pintam, outras que circulam, aparentemente sem nada para fazer .
Um pouco mais á frente, não muito distante, num coreto, um rancho de folclore dança ao som da música tradicional.
As palavras saíam – me moles, sem vivacidade, sem ânimo, com falta de convicção e decidi que talvez fosse melhor sair dali. Afinal não era bem eu que ali estava. Morrera, pensei.

Morri, pensei. Morri e vim para aqui dizer – te isso mesmo, que morri ou parti para um lugar longe de mim. Queria que as lágrimas corressem pelo rosto abaixo mas hoje ausentaram-se, estarão porventura em sítio longe, incerto, distantes do rosto porque longe do coração.

Começou a chover, Ao inicio pouco mas logo aumentou , a seguir parou .
Ficaste ali, mesmo assim, entretida a pintar o quadro que a tua imaginação deixava.

Quem sabe se um dia nos encontraremos e então te possa revelar o amor que um dia senti e que ficou à porta das palavras por receio. Sou um tímido inveterado, sabes, acho mesmo que não tenho cura e foi isso que ajudou em grande medida a que tenha ficado só e me sinta tão perdido e quantas vezes sem esperança de me encontrar como ser humano ou encontrar um momento ou um lugar onde sinta paz. Tenho medo, por vezes, muitas vezes ultimamente, sabes, tenho um medo absurdo, lancinante quase.

Conversa imaginária I

- Sabes, Inês, o homem criou Deus porque precisava dele. Sem fé não é possível viver. Conheço pessoas que, como eu, dizem que não acreditam em nada para lá do visível, do sensível, do imaginável ou do palpável mas é mentira, sabes, todos nós acreditamos em algo que não conhecemos e nos transcende e , o mais curioso é que queremos que assim se mantenha: desconhecido, misterioso e indecifrável .

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Erro de calendário?

Tempo chuvoso e frio.

Maio a fazer lembrar Novembro.

Mesmo a visita da Santo Padre não foi suficiente para convencer S.Pedro a acertar o clima com o calendário e faz frio e chuva num mês de Primavera madura.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Equivoco

O que faço aqui?


Por cima de mim a criança chorona , mimada e mal educada , incomoda - me a todo o instante . Os pais pensam certamente que têm ali um tesourinho mas , por amor da santa , se não se põem a pau , têm ali um monstrinho , sem criatividade , sem vontade , sem iniciativa , acreditando que lhe basta chorar para ter tudo o que quer.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

As noticias da TV

O Benfica sagrou - se ontem campeão nacional de futebol da época 2009/2010. Á conta disso , as televisões nacionais pintaram - se de vermelho e mostraram - nos os esfuziantes adeptos em comemoração frenética e participada.
Por norma , este tipo de manifestações são muito pouco educativas e edificantes .
Vêem - se umas tantas pessoas aos saltos - maioritáriamente jovens - gritando umas palavras de ordem de pouca imaginação , encavalitando - se em cima de estátuas , carros ou postes , agitando cachecóis e bandeiras , fazendo , na grande maioria das vezes , figurinhas pouco interessantes e durante uma quantidade de tempo absolutamente desproporcionada.
Mas é assim ! Uma delícia aparente para as nossas cadeias de televisão que nos dão daquilo até ao vómito.
Paralelamente , essas mesmas televisões , também nos falaram do conciliábulo que os dirigentes políticos europeus mantiveram , pela noite dentro , em Bruxelas , tentando encontrar soluções para o regabofe económico/financeiro em que grande parte dos países da união europeia se encontram.
Parece que sim , parece que se encontraram uns milhões largos de euros , vindos sabe lá Deus de onde , que se vão entornar nos caldeirões efervescentes das economias dos diferentes países para atenuar a fervura das respectivas crises.
E ainda nos falam do Papa , as nossas queridas televisões. Muito Papa , muitos detalhes , aliás todos os detalhes sobre tudo o que se ralacione com a visita de Sua Santidade.
Não tenho nada contra este Papa , nem nada contra a instituição que representa , apesar de estar distante quer da prática quer de muitas das ideias e posições adoptadas pela Igreja Católica.
O que me cansa é a repetição do tema e o esmiuçar , por vezes sem qualquer sentido ou interesse , dos pormenores que rodeiam a sua visita ao nosso País.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um dia de reflexão

Chove de novo.

O céu está cinzento e a temperatura baixou .

Baixou também o ânimo dentro de mim.


Mas é assim mesmo. O sol todos os dias nasce e todos os dias morre, numa permanente regeneração.Amanhã será um novo dia . Os dias fazem - se em semanas e depois em meses e depois em anos e chegará a altura em que partiremos e deixaremos de perceber esta cadência que , contudo, continuará mesmo sem a nossa presença.

É sempre diferente , nunca nada é igual.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Prós, só prós.

Vou-me deitar mais descansado porque sei que a Dona Fátima Campos Ferreira está a tratar de salvar este meu País de qualquer malefício a que possa estar sujeito.
É um descanso saber que todas as segundas feiras alguém olha diligentemente por todos nós e que , nas terças - feiras que se seguem a estas curas televisionadas,nada mais será como antes , todos os males ficam tratados, todas as feridas saradas .

Dorme tranquilo português menino , que a mamã Fátima cuida de ti.

domingo, 2 de maio de 2010

Maio

Dia da Mãe.

Almoço em família.

Vejo e sinto que os anos passam , implacáveis. Os mais velhos , mais velhos , os mais novos são hoje adultos jovens que começam a vida , cheios de vigor e esperança.

Uma certa nostalgia abate - se sobre mim . Sei que fui e sou o grande responsável pelo que me aconteceu , embora tome consciencia que em determinados momentos não tinha consciencia clara dos lugares para onde os meus passos me levavam.

O tempo passa rápidamente e num instante olhamos o espelho e vemos alguém que não reconhecemos de imediato. A imagem reflectida é que nos auxilia e diz: este és tu. Cabelos brancos onde anteriormente estavam cabelos castanhos , rugas onde antes havia pele lisa e nos olhos , uma tristeza , onde antes se via um brilhozinho.

sábado, 1 de maio de 2010

Festa

Abre-se a porta e vão entrando os convidados numa desordem de festa , com ruído de crianças e agitação de adultos ; as vozes vão-se sobrepondo umas às outras num caos amistoso e as crianças , correm contentes , umas atrás das outras , como se se procurassem a si próprias.De vez em quando ouve -se o barulho de qualquer coisa a cair , seguido de silêncio , uma reprimenda , nada de grave e tudo volta a girar , as crianças soltando gritinhos ,os adultos voltam à conversa , esquecendo-se o episódio ,até ao próximo.

Dura umas horas a festa. A agitação é constante mas vai diminuindo à medida que o tempo passa e os convidandos vão saindo , satisfeitos e felizes.

Fica a família e a mãe começa as arrumações , enquanto a criança esgotada se encaminha para o sono , com um sorriso no rosto e satisfação na alma , indo sonhar com princípes e princesas , cavalos alados e elefantes voadores , seres extra-terrestres esverdeados e amarelos , de tres olhos e seis dedos , derrotados por pistolas de lazer e de sons ultrasónicos.

A noite chega atapetando o dia , acalmando o frenesim.

Volta o silêncio.

O tempo

É sempre pouco o tempo. Passa a voar. Deitamo-nos e depois do sono somos os mesmos , tranformados , um dia mais velhos .
Por vezes há vendaval , outras , a calmaria. É sempre diferente.

Ouço a criança a brincar , gritando , correndo , cheia de emoções e vida , crescendo dia após dia, fazendo -se gente , adulto que se esquecerá como foi em criança , cheia de emoções e ilusões.

Lá mais ao longe o mar vai-se desfazendo em espuma branca junto à areia , entoando uma sinfonia interminável e bela.

O tempo não pára , indiferente a tudo , na mesma cadência de sempre , determinado e certo , deixando as suas marcas , fazendo e desfazendo , construindo e destruindo.