quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Uma brincadeira?

Respondendo a um repto lançado pela minha amiga Star aqui vai uma acha:

Tinham sido dias, semanas, pensando bem, meses de trabalho muito intenso, mais intenso ainda do que por norma já era, por isso andava cansado e a sua mente demasiado absorvida com os problemas do dia a dia e com a planificação da sua complicada agenda.
A clínica tinha-se expandido, porventura mais do que alguma vez imaginara e, simultaneamente, as solicitações dos seus colegas de outros hospitais surgiam a um ritmo vertiginoso, que não era capaz de controlar e às quais tinha uma grande dificuldade em dizer não, por razões várias, mas principalmente porque sabia que uma vida humana poderia depender da sua disponibilidade. Essa obrigação, digamos assim, em muitas ocasiões, demasiadas ocasiões, fazia com que ficassem em segundo plano outros compromissos da sua vida, como se a sua missão neste mundo fosse a sua entrega plena e completa à profissão que um dia escolhera.

Foi muito cedo que descobriu a vocação. Logo nos primeiros anos de escola, quando os outros meninos andavam mais preocupados com o futebol e com os jogos da playstation , ele já se imaginava de bata branca e de bisturi em riste , qual espada salvadora de demónios e malfeitores , debaixo das fortes luzes da sala de operações , rodeado por assistentes e colegas , em tentativas suadas e cronometradas de trazer de novo para vida , vidas que pareciam querer partir. Não que não lhe interessassem os feitos tornados quase heróicos dos jogadores do seu clube preferido participando com igual entusiasmo nas conversas sobre o tema quando elas surgiam no seu grupo de amigos. Chegava até, muitas vezes ,a casa com as calças rotas nos joelhos depois de uns dribles menos bem conseguidos no campo de recreio da escola.


Que o teu brilho dê agora continuidade.

Um beijo

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