domingo, 8 de novembro de 2009

O que há entre nós?

O que há entre nós? - perguntou - enquanto descia a sua mão direita pelo cabelo liso , acastanhado , e me olhou com aquele olhar que eu já havia perscrutado antes. Caminhava , agitada , de um lado para o outro na sala quase vazia e que me pareceu enorme naquele instante em que parou e me interrogou daquela forma directa , diria até brutal e , inesperada , sim , muito inesperada.

Não conseguia deixar de a ver ainda deitada sobre a toalha estendida na areia branca da praia , naquele dia de Agosto , quando a revi ao fim de uns anos em que as nossas vidas se separaram , e de me lembrar muito vivamente da estranha sensação que tive nesse dia quando o meu corpo não mais obedecia às ordens do cérebro e começou a tremer incontroladamente como se tivesse sido atacado por um estranho e desconhecido vírus.

Estávamos agora um frente do outro com aquela pergunta pairando no ar e senti a atmosfera a adensar - se como se de repente um nevoeiro espesso se tivesse instalado e os meus olhos deixassem de ser capazes de ver com nitidez.


Fiquei atrapahado , confesso. Senti - me como um adolescente , tal como me sentira naquela tarde de Agosto , na praia , quando a vi de biquini e o seu corpo elegante me catalputara até fora de mim , para uma dimensão onde o meu raciocinio não era mais o comandante .

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