quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Planície

Atravesso a planície em direcção ao aparente infinito , caminhando ora em passo largo ora em calmo passo, aproveitando então para em redor olhar e observar a deslumbrante paisagem que a natureza , gratuitamente , coloca à disposição de quem para ela quiser reparar.

Penso na vida , na vida que já gastei , penso no que arrisquei , no que não arrisquei , nos medos profundos que me impediram de pronunciar as palavras certas no momento certo e nos outros , naqueles instantes em que a alegria fez com que os meus olhos se marejassem em lágrimas infantis que molharam de seguida a minha alma sequiosa de vida e de desejo, pérolas de um colar único, partilhado por aqueles que estão no coração .

São muitas as vezes que antecipo o instante ultimo que me há - de um dia separar desta existência terrena , mistificando-o ao ponto de ver nele o momento das verdadeiras revelações , da compreensão total do porquê das inquietações passadas , dos desencontros , dos instantes de solidão , do amor e do júbilo , da alegria , da tristeza, da fé , do choro e do riso, da angústia , da descrença , das lutas e guerras , da fome , da desigualdade , da injustiça , da partilha , da justiça , do equilibrio e harmonia , das paisagens sublimes , do silêncio.

Já pensei nesse instante ou instantes como momentos de amor supremo , de ternura genuína , de pureza.

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